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REFLEXÃO DA SEMANA - DOM MANOEL JOÃO FRANCISCO - BISPO DIOCESANO


Missa do Crisma

Dom Manoel João Francisco

Até o século VII, na liturgia romana, a quinta feira santa foi reservada para a celebração de reconciliação dos penitentes. Contudo, no decorrer daquele mesmo século, como atesta o sacramentário gelasiano, houve uma mudança substancial. Passaram a ser celebradas três missas: Uma, de manhã cedo, para a reconciliação dos penitentes, outra ao meio dia, para consagrar o óleo da crisma, abençoar o dos catecúmenos e o dos enfermos, e uma terceira, ao entardecer ou nas primeiras horas da noite para fazer memória da Ceia do Senhor. No século X, no Pontifical Romano-Germânico não aparece mais a missa da manhã, apenas a missa crismal ao meio dia e a missa “In Cena Domini”, no início da noite.


Hoje, num mundo em que todos vivem apressados, não é mais possível celebrar com proveito nem mesmo as duas missas que sobraram. Por isso a reforma prescrita pelo Concílio Vaticano II, embora, prescreva que a missa crismal seja celebrada na quinta feira santa, permite que seja também em outro dia, “contanto que, nas proximidades da Páscoa e sempre com missa própria”. Na Diocese de Cornélio Procópio, a missa crismal é celebrada na 4ª feira santa. Neste ano vai ser na paróquia Divino Espírito Santo, na cidade de Curiúva. Na Arquidiocese de Londrina, é celebrada na terça feira santa. Neste ano, além de expressar “a plenitude do sacerdócio do Bispo e ser sinal da íntima união dos presbíteros com ele” a celebração também pretende dar graças a Deus pelos 60 anos de existência da Arquidiocese e se unir às comemorações do tricentenário do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida que está acontecendo em todo o Brasil.


O decreto de 1965 que introduz algumas mudanças no rito da semana santa fala que a possibilidade de se celebrar a missa crismal num outro dia que não a 5ª feira santa é para “atender melhor a finalidade desta missa e tornar mais fácil a ativa participação dos fiéis”. Outro documento intitulado “Preparação e Celebração das Festas Pascais, de 1988, aduz mais um motivo para a mudança do dia: “Com efeito, o novo Crisma e o novo óleo dos catecúmenos devem ser usados na noite da vigília pascal, para a celebração dos sacramentos da iniciação cristã”. Este último documento determina também que a missa crismal seja celebrada uma única vez e que “os fiéis sejam encarecidamente convidados a participar desta missa e a receber o sacramento da eucaristia durante a sua celebração”. Orienta ainda para que o acolhimento dos santos óleos seja feito em cada uma das paróquias da diocese na missa vespertina “In Cena Domini”, na 5ª feira santa. Segundo o documento, “isto poderá ajudar a compreensão dos fiéis sobre o significado do uso dos santos óleos e do Crisma, e da sua eficácia na vida cristã”.


Com o santo Crisma são ungidos os bispos e os padres quando são ordenados. É também usado na celebração dos sacramentos da crisma e do batismo, e ainda, na dedicação de igrejas e altares. Com este óleo se “mostra que os cristãos inseridos pelo Batismo no mistério pascal de Cristo, mortos e sepultados com o Senhor e com ele ressuscitados, se tornam participantes do seu sacerdócio real e profético, e, pela Confirmação, recebem a unção espiritual do Espírito Santo que lhes é dado”.


Se por acaso, durante o ano, vier a faltar o santo Crisma, a liturgia não prevê outra oportunidade para consagrá-lo. Por isso, o volume a ser consagrado deve ser o suficiente para evitar situações embaraçosas.


As orientações da Igreja afirmam que com o óleo dos catecúmenos se preparam os candidatos para o Batismo e se amplia o efeito dos exorcismos. “Com ele os batizandos são fortalecidos para poderem renunciar ao demônio e ao pecado, antes de se aproximarem da fonte da vida e de nela renascerem”.


Se por acaso vier a faltar, o óleo dos catecúmenos pode ser abençoado pelo padre, antes da unção, durante a celebração.


O óleo dos enfermos usado na celebração do sacramento da Unção dos Enfermos, caso venha faltar, também pode ser abençoado pelo padre na própria celebração do sacramento.


Embora seja recomendada a participação dos fiéis em sua celebração, a missa crismal ainda continua dando uma grande acentuação para o ministério presbiteral. A missa do santo Crisma precisa alcançar seu verdadeiro sentido: ser sinal visível de uma Igreja toda ministerial, hierarquicamente organizada. Esta missa, como muito bem dizia, o Beato Oscar Romero, é “a missa em que rendemos honra ao Divino Espírito Santo que unge com sua força divina os presbíteros para fazê-los ministros da misericórdia de Deus para o povo, e unge também o povo com o caráter sacerdotal que os leigos receberam no dia do Batismo”.

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