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PAIXÃO DO CORDEIRO DE DEUS: AMOR IMOLADO


Pe. Wellerson Roberto Dias

Pároco


“Jesus com seus discípulos chegou a um lugar chamado Getsêmani e disse-lhes: ‘Sentai-vos aqui, enquanto Eu vou além orar’. E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se” (Mt 26,36s).


Nosso Senhor estava muito triste e anunciou a aproximação do perigo. Como podia estar abatido Aquele que sempre tinha consolado a todos? “Minha alma está numa tristeza de morte” (Mt 26,38). As imagens que deveriam passar diante de Jesus poderiam ser os horríveis pecados cometidos pela humanidade, com toda a sua atrocidade, desde a primeira queda do homem, até o fim dos séculos. O pecado rebaixa e desfigura o homem, imagem de Deus.


Impelido por amor infinito, Jesus entrega-se às dores da Paixão, tomando todos os pecados sobre Si e oferecendo-Se como vítima pura e sem mancha, para dar satisfação à justiça do Pai Celestial, pagando com os sofrimentos toda essa dívida da humanidade para com Deus. Jesus sacrifica-se em satisfação de todos os pecados do mundo. Por amor Jesus quis entregar-se à fúria de todos os sofrimentos e angústias, na sua humanidade puríssima e inocente, verdadeiro e profundamente sensível, para expiação dos pecados do mundo, armando-Se somente do amor do Seu coração humano. Não há língua que possa descrever o horror e a dor que invadiram a alma de Jesus, a ponto de sair do seu corpo em suor “grossas gotas de sangue, que caíam por terra” (Lc 22,44).


Diante dessa imagem, choramos amargamente nossos pecados (cf. Lc 22,61s). Nossa vontade é de consolar a Jesus em sua agonia, e podemos oferecer certo alívio, quando, por amor a Deus e horror ao pecado, participamos da sua Paixão, participamos “junto à cruz de Jesus” (cf. Jo 19,25), cada qual em sua comunidade paroquial respondendo ao chamado do Senhor a conversão (cf. Mc 1,15).


Não ousamos negar a Jesus em alta voz, mas quantas vezes nos afastamos d’Ele, nos afastando de Sua Igreja, como o levita que se afastou do pobre viajante que caíra nas mãos dos assaltantes (cf. Lc 10,30-37). Separamo-nos da Esposa de Cristo, a Igreja, como filhos covardes e infiéis que abandonam as mães de noite, quando a casa é assaltada por ladrões e assassinos, aos quais por descuido – nosso descuido – abriram a porta.


Quantas vezes preferimos caminhar como ovelhas extraviadas, conduzidas a mau pasto por mercenários e não entramos no aprisco do bom Pastor, que deu a vida por suas ovelhas (cf. Jo 10 ). O aprisco do Bom Pastor, o seio, é a Igreja fundada sobre a pedra, com a qual prometeu ficar até o fim do mundo e contra a qual as portas do inferno não prevalecerão (cf. Mt 16,18). Muitos, apesar da escuridão, preferem ficar em suas casas ao invés de aproximar-se da Luz, posta no candelabro, na Igreja, e participar da celebração da Paixão do Senhor. Que constrangedor um católico ficar acomodado em sua casa durante a Semana Santa e não estar com o seu Senhor nas celebrações.


Jesus viu todos nós na sua agonia, todas as nossas dores e angustias, como também toda a ingratidão e a corrupção, tanto dos primeiros cristãos, como os dos que se lhe seguiram, dos presentes e dos futuros, e, quis sofrer por todos, por nós e por aqueles que não querem seguí-lO, carregando a cruz na Igreja, Sua Esposa, à qual Se deu no Santíssimo Sacramento da Eucaristia (cf. Lc 22,19)


Jesus rezou “Pai, tudo te é possível; afasta de mim este cálice! Mas não se faça o que Eu quero, e sim o que Tu queres” (Mc 14,36). Nesse momento uma profunda emoção, uma visão bela e consoladora, deve ter tomado Jesus ao ver as multidões de bem-aventurados do futuro que, juntando seus combates aos méritos da Sua Paixão, deviam unir-se por Ele ao Pai Celeste. Todos agrupados, segundo a época, classe e dignidade, passaram diante do Senhor, vestidos dos seus sofrimentos e obras. Jesus viu a salvação e santificação sair, em ondas inesgotáveis, da fonte da Redenção, aberta pela Sua morte. Os Apóstolos, os discípulos, as virgens e santas mulheres, todos os mártires, confessores e eremitas, papas, bispos e padres, grupos numerosos de religiosos, nós que participamos da comunidade nessa Semana Santa. Tudo o que trazemos: perfumes, virtudes, sacrifícios, renúncia, combates e vitórias, todos os atos, todos os méritos, toda a glória e todo triunfo dos Santos, tudo provem unicamente de nossa união aos méritos e Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.


Beata Anna Catharina Emmerich

Rogai por nós.

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