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"ALGUÉM DENTRE VÓS ESTÁ ENFERMO? MANDE CHAMAR OS PRESBÍTEROS DA IGREJA..." Tg 5,14


Pe. Wellerson Roberto Dias

Pároco


Nosso organismo, com o passar dos anos, se deteriora, porque a matéria leva a marca do transitório e precário. Seguramente ficaremos enfermos por alguma doença, por algum acidente, por alguma infecção ou, simplesmente, por envelhecermos. É uma recordação de que nossa vida aqui nesta terra é uma peregrinação e que não temos aqui morada definitiva, porque nosso destino final é a vida eterna na casa de Deus.


Essa é a realidade. Não levaremos nada. Não viveremos para sempre nesta terra. À luz da fé cristã, o melhor é aceitarmos alegremente que estamos aqui de passagem e que um dia deixaremos para trás a primeira etapa, transitória e terrena, de nossa existência e começaremos a segunda e definitiva no Reino dos Céus.


Nos tempos de Jesus, havia na Palestina vários enfermos. Em muitas ocasiões, Jesus demonstrou sua misericórdia para com eles, curando-os de suas enfermidades. Frequentemente, lhes perguntava, antes de curá-los, se tinham fé em que Ele podia lhes devolver a saúde. Também os Apóstolos realizaram curas de enfermos.


A enfermidade é um sinal da precariedade de nossa existência terrena. Em muitos momentos, a enfermidade é uma ocasião para robustecer nossa confiança em Deus, sabendo que todos os instantes de nossa vida estão em suas mãos e que tudo o que acontece será definitivamente para nosso bem (cf. Rm 8,28) se vivemos com fé, com esperança e com caridade. Jesus nos salvou e redimiu por meio do sofrimento na Cruz. Para os cristãos, os sofrimentos desta vida, neles incluídas as enfermidades, são uma forma de participação na dolorosa paixão de Jesus. Certamente Deus não necessita e nem se alegra dos nossos sofrimentos, porém, em sua infinita sabedoria sabe bem que o amor humano possui no sofrimento sua expressão mais convincente.


A Tradição da Igreja e seu Magistério viram, na Carta de São Tiago 5,13-15, a expressão da vontade de Deus de estabelecer um Sacramento destinado a confortar os cristãos que experimentam um sofrimento sério em sua saúde ou que estão naturalmente debilitados por terem alcançado uma idade muito avançada. Esse é o Sacramento da Unção dos Enfermos.


O que é a Unção dos Enfermos?


É um dos sete Sacramentos que estabeleceu nosso Senhor Jesus Cristo para nos comunicar sua graça e para nos acompanhar com seu poder em nosso caminho da vida terrena de modo que, em todo momento, estejamos perto d'Ele e demos frutos dignos do nome cristão.


Não é um rito mágico, nem uma prática supersticiosa, menos ainda um certificado antecipado de morte, como se quem a recebe tenha de morrer, necessariamente, em breve prazo.


Quem pode e deve receber a Unção dos Enfermos?


Antes de tudo, uma pessoa que recebeu o Batismo. Em seguida, deve se tratar de uma pessoa que tenha alcançado o uso da razão (cân 97 §2: completados os 7 anos de idade, presume-se que tenha o uso da razão). Deve ser uma pessoa que esteja sofrendo de uma enfermidade séria, que pode pôr em perigo a sua vida, ainda que não seja de forma iminente. No caso de pessoas idosas, pode se considerar que quem já é octogenário está em condições de receber este Sacramento, pois a idade avançada, tradicionalmente, se equipara à enfermidade.


É frequente, infelizmente, que os parentes ou outras pessoas próximas não desejem que o enfermo receba a Unção dos Enfermos para que “não se assuste”. Até mesmo, algumas vezes, acontece que esperam, para chamar o sacerdote, quando o enfermo já tenha perdido à consciência. Essas atitudes são pouco cristãs porque revelam pouca fé na vida eterna, para a qual o enfermo deve se preparar com atos pessoais, como são os atos de fé, de esperança e de caridade, o arrependimento de seus pecados, a oração e a participação consciente nos Sacramentos da Penitência, da Unção dos Enfermos e da Sagrada Comunhão do Corpo de Jesus ressuscitado.


Código de Direito Canônico:


Cân. 1004 - § 1. A unção dos enfermos pode ser administrada ao fiel que, tendo atingido o uso da razão, começa a estar em perigo por motivo de doença ou velhice.


Cân. 1004 - § 2. Pode-se repetir este sacramento se o doente, depois de ter convalescido, recair em doença grave, ou durante a mesma enfermidade, se o perigo se agravar.


Cân. 1005 - Na dúvida se o doente já atingiu o uso da razão, se está perigosamente doente, ou se já está morto, administre-se este sacramento.


Cân. 1006 - Administre-se este sacramento aos doentes que ao menos implicitamente o pediram quando estavam no uso de suas faculdades.


Cân. 1007 - Não se administre a unção dos enfermos aos que perseverarem obstinadamente em pecado grave manifesto.


Concluindo:


A Tradição e as leis litúrgicas da Igreja estabelecem que somente os Bispos e os Padres (Sacerdotes validamente ordenados) podem administrar validamente a Unção sacramental e que não podem fazê-lo nem os diáconos, nem os fiéis leigos. Preferentemente, convém que este serviço pastoral seja prestado pelo Pároco do domicílio do enfermo, porém qualquer motivo razoável autoriza para que ele possa ser solicitado a outro sacerdote.


Que os cristãos procurem receber, oportunamente, o Sacramento da Unção dos Enfermos e o façam sem temor, com alegria e com confiante esperança de que o poder e a graça do Senhor Jesus ressuscitado o sustentarão no momento da prova e, sobretudo, quando se aproxime a hora de passar para a Casa do Pai.


Texto adaptado, a partir da reflexão, do Cardeal Medina Estévez

"Quando e por que pedir a Unção dos Enfermos?"

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